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Contraespelhos

Fomos o que somos Em gomos que sorvemos Eu somos nós Mesmo quando a sós, Nós somos cada eu Em estreita conversação O eu espreita seus avessos Travesso, disfarça-se de um só Retorna ao pó, às vezes de estrelas Às vezes das próprias raízes Se embebe das lágrimas alheias Das fronteiras e cesuras Das escuras costuras Entre partes estrangeiras Com fusões e recusas Rejeições de órgãos estranhos Ao âmago diário do viver Conviver, digerir As próprias e as outras carnes As partes latentes da(s) alma(s) As artes do que está no entremeio Sem definição, nem contorno E talvez sejam esses Nossos mais pueris (des)encantos Sempre eternos sortilégios Clepsidras, ampulhetas E entre a areia e a água As gotas e os grânulos São bordados de interstícios Resquícios de sombras e réstias Do que escondemos de nós Mesmo(s) Nas dobras da túnica No plissado das vestes No ilusório dos restos No multifacetado Dos eus.


Marco Villarta Lavras, 30 de novembro de 2022.

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Marco Villarta

Professor universitário, pesquisador, poeta, ensaísta, escritor, tradutor. Doutor em Letras. Nascido em São José dos Campos/SP - Brasil. Curioso pela vida e pelas pessoas, pela arte e pelos sonhos.

Membro correspondente da Academia Jacarehyense de Letras

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