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Continuum

Onde o preciso tamanho

De cada fibra

No sem fim do cardar-se o fio?

Onde definir a extensão

dos submarinos cabos

Que não param sua construção

No moto perpétuo

Em que navega sua fábrica-navio?

Há o sobressair da vida

E a morte é ter na lisa casca

Da perfumada manga

Uns pontos escuros

É saber haver por baixo

Do sublime traçado

Da efígie que se borda

O avesso quase desconexo

E, se mais perto do fim,

Atravesso os dias

É na espera do negro vórtice

Do sinistro anjo

A fingir brincar de esconde

Se vai ser hoje ou amanhã

Se esse fim é alheio ou próprio

Talvez o mais fugidio mistério

Seja não estar a premência

Senão nas mãos que sentem

Mais esticada ou mais frouxa

A tênue corda que nos sustenta

No continuum paradoxal.

Somos o que percebemos

Vivemos o instante em que perecemos

Morremos para além do que não esquecemos

É o que temos.


Marco Villarta

Oliveira, 25 de janeiro de 2024.

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Marco Villarta

Professor universitário, pesquisador, poeta, ensaísta, escritor, tradutor. Doutor em Letras. Nascido em São José dos Campos/SP - Brasil. Curioso pela vida e pelas pessoas, pela arte e pelos sonhos.

Membro correspondente da Academia Jacarehyense de Letras

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