Continuum
- Marco Villarta

- 22 de mai.
- 1 min de leitura
Onde o preciso tamanho
De cada fibra
No sem fim do cardar-se o fio?
Onde definir a extensão
dos submarinos cabos
Que não param sua construção
No moto perpétuo
Em que navega sua fábrica-navio?
Há o sobressair da vida
E a morte é ter na lisa casca
Da perfumada manga
Uns pontos escuros
É saber haver por baixo
Do sublime traçado
Da efígie que se borda
O avesso quase desconexo
E, se mais perto do fim,
Atravesso os dias
É na espera do negro vórtice
Do sinistro anjo
A fingir brincar de esconde
Se vai ser hoje ou amanhã
Se esse fim é alheio ou próprio
Talvez o mais fugidio mistério
Seja não estar a premência
Senão nas mãos que sentem
Mais esticada ou mais frouxa
A tênue corda que nos sustenta
No continuum paradoxal.
Somos o que percebemos
Vivemos o instante em que perecemos
Morremos para além do que não esquecemos
É o que temos.
Marco Villarta
Oliveira, 25 de janeiro de 2024.




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