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Colóquio


Em boa hora Permiti, senhora, dizer Não sou desse mundo E se sou tão profundo É culpa das fendas, dos grotões Sou de princípios Não importa se a fluidez da água O etéreo-eterno sopro do ar A aparente dureza da terra Ou as línguas fulgurantes do fogo Sou logos sem origem Sossego em vertigem Sou pó, à moda dos deuses Talvez seja mesmo efêmero E se enveneno a estrada que piso Aviso que não é culpa dos pés Tenho fé que ainda hei de levitar E habitar os sonhos imortais Como tantos, sou passageiro Mais que hospedeiro da alma Com calma percebo não ser ninguém Ou ser todos que já foram uma vez A esse ponto do caminhar Resta sentar na beira da escada Sem estrada para onde chegar Sorver o doce-amargo mistério Ambígua maneira de alegre mesura A vossa oportunidade de me abrigar.


Marco Villarta São José dos Campos, 08 de janeiro de 2022.

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Marco Villarta

Professor universitário, pesquisador, poeta, ensaísta, escritor, tradutor. Doutor em Letras. Nascido em São José dos Campos/SP - Brasil. Curioso pela vida e pelas pessoas, pela arte e pelos sonhos.

Membro correspondente da Academia Jacarehyense de Letras

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