Cl(amor)
- Marco Villarta

- 15 de abr. de 2023
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Dores minhas Dores nossas Frágeis fronteiras Empáticas trincheiras Ser outro Sem deixar de ser O coro de eus Que pode conversar Sobre as feridas vividas Vívidas, entretecidas No conviver Dores presentes Dores passadas Que as memórias São mãos que se tocam Toques que se apertam Angústias que se apartam No gesto de se importar Com os pés que trilham Outras estradas Há sentido em diferente postura? Se somos os olhos que se cruzam As mãos que nos tiram do útero E os braços que nos sepultam As lágrimas que choram nossa ausência Os sorrisos que celebram nossas chegadas Estamos juntos Irremediavelmente Sem anestésicos Sem ético entorpecimento Sem cínico esquecimento Sem falsa neutralidade Suicídio da espécie Sem o outro Não há palavra Não há pensamento Não há consciência Os sentidos irão desaparecer Em sua dupla acepção Os olhos verão sem enxergar Os ventos já não serão ouvidos Os aromas serão inconclusos Na boca o gosto será de sangue Sem sabermos de quê(m) E se apalparmos algo sólido Já não distinguiremos A textura dos corpos As saliências das pedras E a rebelde fluidez dos líquidos Dores avaras São aparas do que já não restou Do que se desgastou em nós Até o fim Até o impossível nada Até a inexistência cabal.
Marco Villarta Lavras, 07 de dezembro de 2022.




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