Cicatriz
- Marco Villarta

- 22 de jul de 2022
- 1 min de leitura
Vivo por entre sombras
E sei que sou ou serei
Ou terei sido alguma delas
Também
Descobri que as existências
Se atravessam
Se interpenetram
Sem a aparente solidez dos corpos
Sem o peso da matéria
De que são feitas as formas
Sem as coincidências dos tempos
E quando as sombras
Já não se tocam
Já não projetam juntas
Fractiquânticas figuras
Em surreais projeções
O que parece restar
É a infinitude do abismo
O interminável do assombro
A ininterrupta queda do escombro
E nesse indizível vazio
É que as dores se assentam
Com o desconforto de não caberem
Nas poltronas
De ser eterna a antessala
De lugar nenhum
Então percebo que a vida
Pode ser a ambiguidade do risco
Perigo ou traço
Não nos importa
O que nos comporta
É sermos trapezistas
De sulcarmos o tênue fio
De habitarmos o provisório
Do peremptório mistério
Angústia da espera
Dor do devir.
Marco Villarta
Lavras, 22 de julho de 2022.




Comentários