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Autorretrato II


Sou desconexo

Sei lá se convexo

Ou quântico fractal

Observo o mundo

Plantando bananeira

Até o inverso do que vejo

Ser o que almejo no verso

Que ainda não fiz


Sou desengonço

Destramela em batente

Sem portão

Sou mastro sem vela

Destrambelho à toa

Sou ser que voa

Sem aparente direção


Sou as trôpegas passadas

Que, na abandonada estrada,

Confunde os que vêm atrás

Desorienta os animais

Que sentem o cheiro

Da intensa e pulsante vida

Que as narinas dilatam

E refratam qualquer sol


Sou as irregulares dimensões

Do que não se consegue medir

Minha régua brinca de esconde

Onde eu intento descobrir

A sequência de ontens e depois


Sou a amalucada profecia

De que num nefasto dia

Iria descobrir em qual terreno

Mora a dor de não ser eterno

De ser sempre o que não se sabe


Sou a promessa de continuar o sonho

Pois não me oponho à ilusão

Se me lembro ou se invento

Já não distingo, nem tento

Organizar qualquer explicação


Marco Villarta

Lavras, 06 de julho de 2022.

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Marco Villarta

Professor universitário, pesquisador, poeta, ensaísta, escritor, tradutor. Doutor em Letras. Nascido em São José dos Campos/SP - Brasil. Curioso pela vida e pelas pessoas, pela arte e pelos sonhos.

Membro correspondente da Academia Jacarehyense de Letras

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