Autorretrato II
- Marco Villarta

- 6 de jul. de 2022
- 1 min de leitura
Sou desconexo
Sei lá se convexo
Ou quântico fractal
Observo o mundo
Plantando bananeira
Até o inverso do que vejo
Ser o que almejo no verso
Que ainda não fiz
Sou desengonço
Destramela em batente
Sem portão
Sou mastro sem vela
Destrambelho à toa
Sou ser que voa
Sem aparente direção
Sou as trôpegas passadas
Que, na abandonada estrada,
Confunde os que vêm atrás
Desorienta os animais
Que sentem o cheiro
Da intensa e pulsante vida
Que as narinas dilatam
E refratam qualquer sol
Sou as irregulares dimensões
Do que não se consegue medir
Minha régua brinca de esconde
Onde eu intento descobrir
A sequência de ontens e depois
Sou a amalucada profecia
De que num nefasto dia
Iria descobrir em qual terreno
Mora a dor de não ser eterno
De ser sempre o que não se sabe
Sou a promessa de continuar o sonho
Pois não me oponho à ilusão
Se me lembro ou se invento
Já não distingo, nem tento
Organizar qualquer explicação
Marco Villarta
Lavras, 06 de julho de 2022.




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