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Arqueologia


Uma forma quase humana Chora uma dor inominável Sobre uns ossos de seu clã Não suspeita, no som que grunhe O fazer ritual dos descendentes

Milênios, muitos milênios depois Outros cantos, outras danças Fazem o brilho dos olhos de um Serem a certeza de todos

Pulsos, ritmos, sons Versões do rito Versões do contar Há rodas, há assembleias Ao redor da fogueira Em ágoras de tantos formatos Aedos Rapsodos Constroem, nos séculos, o seu fazer É teia que nos salva do labirinto Da inconsciência que nos habita São corpos em serpenteio Mitos, presságios, sortilégios Métricas, escansões Depois é littera É letra, é acervo Nunca, no entanto, Deixa de ser o grito Na parede da caverna Ou no laser das bienais É littera, poiesis É o que dura Subsiste Nos torna (n)o próprio fazer.


Marco Villarta Lavras, 13 de fevereiro de 2017.

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Marco Villarta

Professor universitário, pesquisador, poeta, ensaísta, escritor, tradutor. Doutor em Letras. Nascido em São José dos Campos/SP - Brasil. Curioso pela vida e pelas pessoas, pela arte e pelos sonhos.

Membro correspondente da Academia Jacarehyense de Letras

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