Ampulheta III
- Marco Villarta

- 28 de mai.
- 1 min de leitura
Atualizado: 31 de ago.
Para meu pai
É como se os fortes
vencessem a morte
e posassem nas selfies
com a alegria inerte
de insossa imortalidade
É como se o freeze das fotos
fosse contra o movimento dos átomos
E tal qual o indefinido sépia
das borradas memórias
a história nem mais existisse
não importa se os corpos
se carbonizam, se vaporizam
ou se dissecam, desconjuntados
por balas ou por estupros
É como se não fizéssemos parte
e a sincera arte fosse barata perfumaria
A dor no peito não é só física
é a perdida geometria
dos assimétricos poliedros
é a sintaxe dos ódios e dos medos
é o falso império da razão
é o cinismo dos que professam
a tibieza dos que desacreditam
arrogante nomeação
a dos pobres sapiens
os grãos de fina poeira
continuam se atraindo
em nebulosas distantes
sem sequer saberem de nós.
Marco Villarta
Lavras, 28 de maio de 2024.




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