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Ampulheta II

Atualizado: 23 de mai.


Sonhei ter voltado

A incômodo passado

O plano era ter evitado

Um sofrer tão intenso

O tecido do tempo

É denso de mistérios

E penso no etéreo

Permanecer

Menos do que rarefeito

Ar

Mais do que perfeito

Sussurrar.

E no pesar já imenso

Que não se pode suportar

Vai-se, vão projeto, vã ilusão

Rearranjar o fio

Que torna possível

Ao barco sem volta

Transpor funesto rio

E fazer do cicio

De milenares górgonas

Único sinal de orientação

No fluxo dos pensares

No sem-volta de mares

Revoltos, indômitos

Desespetaculares

Desesperados atores

De abandonado palco

De saudosos amores

De desorientadas almas

Que espalmam

Impossíveis mãos

Que afagam fantasmas

Que acalentam as más

Memórias

Dores que oram

Choros que flertam com a vida

Com dividida atenção

Se aqui somos pedaços

Fragmentos de laços

Que temos com o além

Quem seremos, no fim,

Se bem queremos, assim,

Compreender os abraços

Que valem pelo que está no meio

Pelos intervalos que circundam

Pelos mundos que encerram

E, renovados atos, recuperam

O tempo que não consegui

Domar.


Marco Villarta

Lavras, 29 de junho de 2022.


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Marco Villarta

Professor universitário, pesquisador, poeta, ensaísta, escritor, tradutor. Doutor em Letras. Nascido em São José dos Campos/SP - Brasil. Curioso pela vida e pelas pessoas, pela arte e pelos sonhos.

Membro correspondente da Academia Jacarehyense de Letras

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