Ampulheta
- Marco Villarta

- 5 de jun. de 2022
- 1 min de leitura
Atualizado: 20 de jun. de 2022
Até onde a erosão contínua
Quando crianças, somos imunes ao tempo
Entre sonhos, fantasmias
O mundo é uma fotografia
A padaria sempre ali
Os velhos sempre velhos
Os adultos, gigantes, eternos
Heróis, épicos exemplos
Mas crescemos
Alguns envelhecem
No corpo e nessa recôndita energia
Que chamam de alma
E vemos
Apesar dos olhos vacilantes
Tempo é apenas motor
Nossa grande entropia
É conviver com outras caminhadas
Rumar para o fim nos corrói
Ora porque muitos se distraem
Outros se ocupam do supérfluo
No fim
Apenas incompreensão e impotência
Perguntas sem resposta
Porque o mundo não fala
Fomos nós que inventamos a língua
Como se falar nos desse a chave
Que algum deus se esqueceu de por
Na porta da caverna
Mas
Ao contrário daquela outra
Na porta não há a luz
Das verdadeiras coisas
Somos Homero, Demócrito,
Édipo ou Borges
Se há a luz, o senhor já sabe
Não é para nosso deleite
No labirinto sem paredes do mundo
Não sabemos se há a saída
Somos muitos
Porque ouvimos murmúrios
Mas não veremos a luz.
Estamos perdidos
Estamos sós
Somos cegos.
Marco Villarta
Lavras, 20 de setembro de 2017.




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