Alterofobia
- Marco Villarta

- 5 de jun. de 2022
- 1 min de leitura
Atualizado: 20 de jun. de 2022
Quem é meu outro ?
Pergunta repetida, requentada
Em filosofias e teologias
Cosmogonias diversas
Seja nas cavernas
Pétreas ou digitais
Estranhamos o vulto
Não decifrado
na longa distância
Mais fácil soltar a lança
Antes de saber
se é uma visita
amiga
Talvez um caçador
perdido
Em terras desconhecidas
Quantos nomes temos para quem não é nosso ?
Nosso ?
Os mesmos coletores
Pedras ou gadgets, pouco importa
Alguns colecionam riscos na parede
De corpos e almas
abatidos
Posse ?
Nos escapa o próprio corpo
Nas dores e desejos que descobrimos
depois
Saberes são sempre futuros
Sobre vivências passadas
Tétrico paradoxo
A certeza sem o conhecimento: morre(re)mos
Por que o ódio ?
Por que o nojo ?
Por que o outro se torna abjeto ?
Seu cheiro, seu sangue, sua fome ?
Quem sabe, se o motivo seja
Porque é quem sabe de nós
Vê o que não podemos
Se, na metonímia do possível,
A face é algum retrato da alma
Só o outro pode ver a nossa
Ou
A terrível descoberta
De que não temos...
Marco Villarta
Lavras, 30 de outubro de 2018




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