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Alterofobia

Atualizado: 20 de jun. de 2022



Quem é meu outro ?

Pergunta repetida, requentada

Em filosofias e teologias

Cosmogonias diversas

Seja nas cavernas

Pétreas ou digitais

Estranhamos o vulto

Não decifrado

na longa distância

Mais fácil soltar a lança

Antes de saber

se é uma visita

amiga

Talvez um caçador

perdido

Em terras desconhecidas

Quantos nomes temos para quem não é nosso ?

Nosso ?

Os mesmos coletores

Pedras ou gadgets, pouco importa

Alguns colecionam riscos na parede

De corpos e almas

abatidos

Posse ?

Nos escapa o próprio corpo

Nas dores e desejos que descobrimos

depois

Saberes são sempre futuros

Sobre vivências passadas

Tétrico paradoxo

A certeza sem o conhecimento: morre(re)mos

Por que o ódio ?

Por que o nojo ?

Por que o outro se torna abjeto ?

Seu cheiro, seu sangue, sua fome ?

Quem sabe, se o motivo seja

Porque é quem sabe de nós

Vê o que não podemos

Se, na metonímia do possível,

A face é algum retrato da alma

Só o outro pode ver a nossa

Ou

A terrível descoberta

De que não temos...


Marco Villarta

Lavras, 30 de outubro de 2018

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Marco Villarta

Professor universitário, pesquisador, poeta, ensaísta, escritor, tradutor. Doutor em Letras. Nascido em São José dos Campos/SP - Brasil. Curioso pela vida e pelas pessoas, pela arte e pelos sonhos.

Membro correspondente da Academia Jacarehyense de Letras

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