Solstício de inverno
- Marco Villarta

- 22 de jun. de 2022
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Se nessa vida, fomos tanto
Por que não ter fé na espera
Que tais como elos de corrente
Sejamos tão eternos quanto
Sóis que desconhecem poente.
Se esse adeus é um dos muitos
Por que não contar com frutos
Que só crescem entre tempos
De não se fiar nas contas
De terços ou de equações
Nosso amor é do infinito
Réstia de luz tão sagrada
E o bonito é termos sabido
Que não findaria a estrada
Que não há descabido fim
Do que é tão sublime
Assim como o perfume
Se espraia no ar rarefeito
Só pode ser mais que perfeito
Esse canto de musas sutis
Todos os céus dedilham
Esse divino estribilho
Não é a primeira vez
Nem será a derradeira
Há amores que não são
Caminhadas provisórias
E sei que tais histórias hão
De soldar mundos invisíveis
Harmonias impossíveis
Para quem do divino descrê
Não procuro senil demiurgo
Que seja verdugo do humano
O sacro está no encontro
No construir no intervalo
É nunca se achar pronto
Para esgotar o sem-fim
Ao explicar tamanho afeto
Sei que falho em torná-lo
Compreensível para os que
Ainda tateiam os porquês
Dádivas que escanteiam
As mais secretas razões
As tão discretas sensações
De algo entre aquém e além
Do que se esconde na fronteira
Entre a dor e ventura suprema
E do amor que todas as mortes cura
É insígnia, é o mais doce emblema
É a mais perfeita e sã loucura
Marco Villarta
Lavras, 22 de junho de 2022.




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