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Inconcluso


Hoje, em sonho, senti novamente seu abraço

Quem ousou dizer que sonhos não são reais?

Acordei quase tão feliz como em cada manhã

Quando sentia o mundo no intervalo dos seus braços

Você me disse que estava chegando...

Não sei se profecia de quando vou me (re)encontrar em você

Ou se a despedida que faltou você recitar

Sei que continuo os dias por sua memória

Mas sem as cores, os brilhos, sem a plenitude

Sem os gracejos, os jogos de linguagem

Sem nossa língua própria

Ensaio cada passo, vacilante, sem estar

Enamorado da vida, encantado de existir

Percebo, persevero na esperança

No íngreme relevo de cumes e planícies

De arrasado solo, pós vulcânica erupção

E, por essa dura pedagogia da falta,

Tento entender, reaprender o viver

E nos visitarmos nos sonhos

E nas memórias que dão sentido

A esse tênue fio de vida que só persiste

Pelo que ainda sou de você.


Marco Villarta

Lavras, 04 de agosto de 2021.

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Marco Villarta

Professor universitário, pesquisador, poeta, ensaísta, escritor, tradutor. Doutor em Letras. Nascido em São José dos Campos/SP - Brasil. Curioso pela vida e pelas pessoas, pela arte e pelos sonhos.

Membro correspondente da Academia Jacarehyense de Letras

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