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Experiência


Algumas vezes dizem que sou louco Outras, que enxergo ainda mais No que alguns veem sabedoria Sensata prudência, madura ousadia Dialética lucidez... Não é disso que se trata A aguda visão dos olhos Mesmo com a opacidade mal compensada Pelas transparentes lentes Os pés sabem das pedras que ferem Após os estreitos caminhos Em que não é opção deixar de andar A alma rota já quase não teme As duras intempéries Não há nada de sobrenatural Em dizer que o que importa É mesmo o próprio caminho Pois é o que há O que somos O que podemos descobrir De nós surpresa é nunca estarmos a sós consciência é intermédio e não há remédio para ignorar as faces outras somos forjados pelo alheio olhar tecidos pelo áltero tear somos intangíveis porque o caminho não é a pedra nem a estrada mas o ato o inicial temor de ir o necessário permanecer movendo os pés porque o caminho não é a meta como ponto de chegada Os mapas não indicam pontos São esboços do possível des-locar Des-alojar a falsa aparência Da inércia cômoda E saber que em cada solidão Somos todos que nos deixaram Que quedaram cedo Que iniciaram antes Que partirão depois Somos um, somos dois Somos muitos E a densidade desse périplo É a memória do que Sabemos ou não Do que fazemos em vão No Grande Oceano A um só tempo seremos Plácida beatitude E intensa revolução.


Marco Villarta Lavras, 22 de março de 2023.

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Marco Villarta

Professor universitário, pesquisador, poeta, ensaísta, escritor, tradutor. Doutor em Letras. Nascido em São José dos Campos/SP - Brasil. Curioso pela vida e pelas pessoas, pela arte e pelos sonhos.

Membro correspondente da Academia Jacarehyense de Letras

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