top of page

De finis



Quando as cantigas param

Será que as feridas saram

Que as antigas lendas falam

Que as desmedidas dores

Se declaram

Quando as contidas chamas

Se calam

E restam esmaecidas tramas

Membranas do indizível

Do impossível de se suportar

Sensação de cortar os fios

De comportar todos os cios

Que geram as monstruosas perdas

Tormentas de infinitos oceanos

Para além dos planos

Que sabemos frequentar


Quando as melodias cessam

E ainda que as vítimas peçam

Não há fim no se confundir

Ao infundir mais que a morte

Ao ditar a sorte de estar só

E o pó vai e vem na criação

Somos metade dos caminhos

E quando as estrelas de novo

Nascerem da poeira anterior

Seremos, talvez, outras versões

Do que tivemos de incerteza

A crueza das não respostas

As apostas sem finalização.


Marco Villarta

Lavras, 06 de junho de 2022.


Posts recentes

Ver tudo

Comentários


Marco Villarta

Professor universitário, pesquisador, poeta, ensaísta, escritor, tradutor. Doutor em Letras. Nascido em São José dos Campos/SP - Brasil. Curioso pela vida e pelas pessoas, pela arte e pelos sonhos.

Membro correspondente da Academia Jacarehyense de Letras

Copyright © 2025. Todos os Direitos Reservados

bottom of page