O mais impactante da literatura é que o contato com as pessoas das obras muitas vezes se dá pelo encontro com pessoas de nosso convívio. Quem me apresentou Borges foi minha eterna alma gêmea, Neusa Cardoso. Ainda no início de minha graduação em Letras, não suspeitava das grandes referências da literatura. Recebi de presente o livro História Universal da Infâmia. Desconcertou-me a aparente simplicidade do texto. Mas desconfiei de mim, em vez de desconfiar do livro ou do autor. E a curiosidade me levou a descobrir outros mundos,

Tornou-se mais que uma paixão literária (seria um contrassenso referir-se à literatura de Borges nesses termos), Borges é, para mim, um aprendizado de leitor. Um leitor que se deixa enganar, que descobre o engodo e se encanta em ter sido trapaceado, simplesmente pela epifania do jogo, da grande mágica da literatura.